quinta-feira, 26 de junho de 2014

Amar é Um Inferno

Este inferno de amar - como eu amo! -
Quem não ardeu em brasas coraçonificadas?
Esta chama  que queima e consome,
E acalenta alma tão insana.

Quem não morreu tantas vezes de amor?
E outras tantas ressurgiu como fênix,
Do pó de tais brasas num pulsante voo rasante
Tão cheio de cor

Só me lembra de uma noite reluzente
Eu caminhava... a Lua prateava minhas veredas
E os meus olhos que perdidos vagavam
Em seus olhos chamejantes os pus.
Que fizemos? - Nem eu sei
Mas naquela hora a amar comecei...

Tibúrcio Valério

segunda-feira, 9 de junho de 2014

A Ditatura da Sociedade



https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ3t_wwuSJACUrlUwEUwfmc5fPBcdt9T48vqe0jSACiDrx8HXLr26RFC12de9BK94p22bRASBqST2TDWl0AX6bH0ud9lb4fcqBI8jV-pcplP2aUKUmsMR0XgRDt98MAXFbF1WJJkSkPf4/s1600/mu1.JPG
A mulher vem sofrendo discriminação ao longo do tempo, independentemente da vestimenta. São abusos de diversas formas, sejam eles de ordem social, cultural ou sexual. Até que ponto o uso de uma roupa provocante ou um comportamento feminino que foge às regras sociais impostas pela sociedade pode justificar as agressões que as mulheres são vítimas tanto no âmbito familiar como social?
Numa pesquisa divulgada pelo Ipea, em março deste ano, pelo O Globo, brasileiros acham que mulheres com roupas curtas devem ser estupradas. É assustador num país como o nosso ainda existir um pensamento arcaico, mas infelizmente aprendemos julgar as aparências graças a essas regras sociais que nos torna seres ignorantes e, consequentemente, somos ensinados a não aceitar comportamentos que fujam a elas.
O comportamento feminino gera muitas discussões e polêmicas. Existe mesmo um manual que ensina como a mulher se comportar? Ao que parece, todos os anos de lutas em busca de direitos iguais foram em vão. Por que não, simplesmente, entender esse comportamento como liberdade de expressão? Entretanto, muitos entendem pelo lado pejorativo, e as veem como mulheres vulgares, daí os constantes assédios e maus tratos em público.
Sem sombra de dúvidas, o abuso sexual é o mais humilhante das agressões que elas sofrem, principalmente quando acontece em lugares públicos. Na cabeça retrógada masculina, a mulher que usa roupas curtas, é extrovertida e independente, torna-se alvo fácil daqueles que saem em busca de sexo e quando não conseguem usam da força. Note-se que os estupradores o fazem para satisfazer os vícios de uma cabeça doentia.
O Brasil tem muito para evoluir. Ainda vivemos numa sociedade machista e cheia de preconceitos a serem quebrados. Mas é preciso que deixemos de julgar com base nas regras que criamos e enxergamos como significado do certo. Qual conceito de certo para o outro? As mulheres tem um trajeto difícil e cheio de obstáculos para conquistar. Pelo menos já temos a Lei Maria da Penha a favor delas. Quem sabe outras Marias nos tragam mais conquistas.

sábado, 31 de maio de 2014

Bordadeiras da Serra



Trazem consigo
Cravadas no rosto
Marcas de um sertão sofrido
De muito desgosto.

As bordadeiras da serra
As artesãs de Bento
No cume da montanha
Bordam com fios, o tempo.

Mulheres de sorriso farto
Com almas de criança
Criam bonecas coloridas
Cheias de verde esperança.

Com cabaças matam a sede
Dos fuxicos fazem arte
E com retalhos repartidos
Remendam histórias a parte

Marias da serra dos Bentos
Trazem nos olhos
O paradoxo do sofrimento
Mas no sorriso um futuro talentoso
Das tantas Bilas de corações humildes
Que nos dão flores num gesto carinhoso.

Tibúrcio Valério

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Aquele que sempre sentara à primeira fila

E ele que sempre sentara à primeira fila da plateia no teatro, hoje permanece vazia. As cortinas foram fechadas e costuradas a fios de desilusão.O mundo não era mais um palco. Havia um moinho de sentimentos que triturava vorazmente todas as lembranças. Fez-se em pedaços o momento do primeiro olhar, moeu sem piedade todos os aplausos dados durante longos dias e transformou em ácido as lágrimas que corriam sobre seu rosto corroendo-o e deixando nele cicatrizes que o tempo jamais apagará.
E ele que sempre sentara à primeira fila da plateia do teatro e que hoje permanece vazia, sucumbiu de lembranças. O verde e todas as cores de sua alma foram reduzidos aos tons do cinza. Não havia mais cor. Até a lama pútrida que rastejara era cinza escuro. O palco tornou-se vazio. Não havia mais a voz que gostara de ouvir, nem mais suas canções preferidas e tão pouco aplausos. Restava apenas o ruído de uma respiração ofegante que ensaiava um choro. Engolia em seco.

Tibúrcio Valério

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Medo

E o medo que segue cortando os músculos do meu corpo
Me faz vomitar sangue
Endurece meus nervos a ponto de me paralisar
Não caminho
O choro me empurra de um precipício sem volta
Ao passo do erro constante
Eu mais caio
Mais desapareço na escuridão do infinito errôneo
Você me olha de cima
Agora já tão distante de mim
Apenas uma sombra diante da única luz que me resta
Os gritos são incessáveis
Mais do alto são apenas ruídos indecifráveis
E você segue
Sem mim
E eu permaneço no fundo do precipício
Que só afunda
Engole meus gritos

E me leva pro fim...

Tinho Valério

domingo, 29 de setembro de 2013

Uma lembrança

Nem sei do nome científico
Ou de nome popular
Quando me lembro de minha infância
Era com ele que adorava brincar

Já faz tanto tempo que brinquei
Que algumas lembranças nem sei mais lembrar
Talvez ficaram entre os becos e bueiros
Que Jardim teimou em sugar

Foi herança infantil de minha mãe
Que me mostrou como brincar
Tirava ele do portão lá de casa
E não queria mais largar

Eu falava norte, ele apontava
Se era sul, ele queria virar
Quando era leste-oeste
Ele fazia apenas girar

Saudades do meu adivinhão
Que de inocente brincava até matar
Proibi de nascer borboletas no Seridó
Só pra brincar com o casulo de adivinhar.


Tinho Valério

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Medo

O medo da perda me corrói as veias
Me pára o coração
O medo de você partir sufoca meu ar
Puxa-me pra trás
Joga-me num penhasco de alucinações
As visões e pensamentos quebram-me as pernas
Braços
Todo meu corpo
Dói
Eu choro
(Só) choro

Tinho Valério