segunda-feira, 28 de abril de 2014

Aquele que sempre sentara à primeira fila

E ele que sempre sentara à primeira fila da plateia no teatro, hoje permanece vazia. As cortinas foram fechadas e costuradas a fios de desilusão.O mundo não era mais um palco. Havia um moinho de sentimentos que triturava vorazmente todas as lembranças. Fez-se em pedaços o momento do primeiro olhar, moeu sem piedade todos os aplausos dados durante longos dias e transformou em ácido as lágrimas que corriam sobre seu rosto corroendo-o e deixando nele cicatrizes que o tempo jamais apagará.
E ele que sempre sentara à primeira fila da plateia do teatro e que hoje permanece vazia, sucumbiu de lembranças. O verde e todas as cores de sua alma foram reduzidos aos tons do cinza. Não havia mais cor. Até a lama pútrida que rastejara era cinza escuro. O palco tornou-se vazio. Não havia mais a voz que gostara de ouvir, nem mais suas canções preferidas e tão pouco aplausos. Restava apenas o ruído de uma respiração ofegante que ensaiava um choro. Engolia em seco.

Tibúrcio Valério

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