segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Isabela, ou simplesmente Bela.

Talvez fosse a mais doce das criaturas que já conheci nessa minha existência como ser humano na terra. Nunca vou esquecer a primeira vez que a vi, tão linda, com aqueles olhos castanhos de um marrom jamais imitado por qualquer que seja a criatura existente no planeta. Seus cabelos eram de um encaracolado tão lindo quanto à cor dos mesmos, que quando apresentados ao sol, brilhavam... talvez, era essa a forma que eles encontravam para cumprimentar o astro que os iluminava e dava calor, e esse brilho eu considero o sorriso deles, alegre e radiante, bem como o sorriso dela. Sim, seu sorriso também era de uma magia que ludibriava o mais cético dos homens, encantava-o. A sua voz pairava sobre os ares como o canto das sereias mais lindas que com sua voz hipnotizava marinheiros e destruía uma embarcação, era bom ouvi-la falar. Seu nome era Isabela, ou simplesmente Bela. Ela tinha bela até no nome, e era... era perfeita aos olhos de quem a visse. E sempre foi.  

Tibúrcio Valério
(13/12/2010)


domingo, 12 de dezembro de 2010

Para Ser Sincero


Morrer não dói, embora eu sempre tivesse essa ligeira impressão. Não senti nada na hora de minha partida e não quero falar sobre ela. Foi até rápido. Também jamais saberei se dói nos outros. Ninguém chorou por mim. Fui mais um morador de rua que morreu jogado ao abandono. Durante toda a minha vida recebi desprezo. Jamais conheci a desgraçada que me pôs no mundo, nem tão pouco o imbecil que comeu ela e consequentemente fecundou o óvulo que me gerou. Não sei até hoje se nasci de cesárea ou parto normal, apenas sei que vim ao mundo e logo em seguida fui abandonado. Terminei num orfanato qualquer, onde fui humilhado, agredido, abusado sexualmente, mas também aprendi a me defender de muitos. Com oito anos fugi daquele inferno comandado por freirinhas que se diziam adoráveis irmãs, quando na verdade não passavam de umas putas miseráveis. Batiam nas crianças, mas só encostaram em mim uma vez e foi o suficiente para quebrar o braço de uma na queda que dei nela. Na mesma noite consegui fugir. Desde então minha vida foi fugindo de orfanatos até fazer maioridade. O resto foi nas ruas. Foi aqui, onde aprendi a ser malandro, embora nunca assaltei ninguém... claro que furtei, principalmente comida. Tinha fome e ninguém ajuda a um mendigo. Aliás, ninguém vê um mendigo jogado nas calçadas com fome, sede, precisando de carinho. Ao contrário do que muitos acham, eu sentia necessidade de carinho, um afago na cabeça, de um olhar amoroso, mas ao invés, era invisível aos olhos das pessoas que passavam por aqui, outros demonstravam repugnância, ódio, nojo...  sentia raiva dessas pessoas. Talvez por isso tenha sido tão amargo, mas nunca fui mau. E que importância tem isso se hoje estou aqui, morto! Gélido e endurecendo! Certamente alguém pela primeira vez irá me perceber, embora morto, mas irão me notar. Depois virá algum órgão recolher o cadáver e após todas as autopsias, terei duas opções pra o “descansar em paz”. A primeira serei sepultado como o indigente e ali descansarei em paz, bem como vou apodrecer em paz e ser devorado em paz pelos vermes que irão comer minha carne podre. Já a segunda opção, posso ser doado, ou até mesmo, vendido a uma faculdade pra servir como objeto de estudo aos estudantes da área biomédica; aqui talvez não caberia o “descanse em paz”, mas certamente serei lembrado, como nunca fui em toda a minha vida, e no convite de formatura serei homenageado, mesmo como “o cadáver”, mas serei agradecido por algo que fiz, de útil, mesmo depois de morto.

Tibúrcio Valério

(11/12/2010)

sábado, 20 de novembro de 2010

Partida II

Soprou vento
Bateu asas
Partira...
Seu lugar não era mais aquele
Seu destino, talvez, encontrasse nos céus
Suas expectativas ficaram para trás
Assim como a vida infeliz que levara
Sumia pelos céus com a sensação de procurado
O procurado, ia desaparecendo com a ânsia de procura...

Tibúrcio Valério
(19/11/2010)

sábado, 23 de outubro de 2010

Lagoa das Moças



Vancê tá vendo êsse lago,

pequeno, desse tamanho?

Apois bem, é a lagoinha,

onde as moças tomam banho,

quaje tôda menhanzinha.



Eu num sei pruque razão

essa água cheira tanto?

Num sei mesmo pruque é...

Mas, descunfio e agaranto:

sê do suô das muié.



- Mas, se eu fôsse essa lagoa,

se ela eu pudesse sê! 

Se quando as moças chegasse,

eu pudesse as moças vê...

Aí, os óios eu feixasse...



Quando n’água elas caísse

eu pegava, abria os óios.

Uns óios desse tamanho!!!

Só pra vê aqueles móios

de moça tomando banho.


RENATO CALDAS, poeta de Assú (RN) em seu Livro FULÔ DO MATO
*Foto Fernando Chiriboba: Poço da Moça, Jardim do Seridó, RN

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Apenas Quase Ela

Acordei quando senti o seu cheiro. Ela estava bem à minha frente. Usava apenas uma camisola transparente, que dava para ver nitidamente as auréolas escuras de seus seios – já devia ter amamentado. Logo percebi que estava excitado, o meu corpo queria saltar por baixo da cueca. Então, ela veio para mim e me tocou com seus lábios que estavam úmidos. Arrancou minha cueca com a boca. Foi sensual e erótico vê-la fazer isso. Seu olhar de animal faminto me deixava louco. Joguei-a no chão e rasguei sua roupa com minhas mãos e descobri que também me sentia como um animal faminto, só que faminto por sexo. Avancei sobre ela, nossos corpos encontravam-se quentes e desejando-se. Arranhou-me  as costas enquanto meu corpo entrava nela. Sua respiração era ofegante; ora gritava, ora gemia e isso me dava mais prazer e vontade de possuí-la.
Possuí-a.
Dei-lhe prazer e múltiplos orgasmos a noite toda.
Acabou.
Enrolou seu corpo num lençol e saiu para a rua de onde surgira.
Assustei-me com o despertador que gritava infernalmente nos meus ouvidos com aquele barulho ensurdecedor. Havia sido apenas um sonho.

Tibúrcio Valério

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Lucas

Era Luz
De repente um estrondo

Veio o choro
A palavra foi Morte

Luz era
De repente um escuro
Chora mãe, chora pai, chora irmãs
Choram os outros

Veio o Silêncio
Resta Saudades...

Tibúrcio Valério

domingo, 17 de outubro de 2010

Partida

Então foi...
Não se despediu porque não achou necessário
A lembrança que deixara na mente já era de bom grado
Seus pensamentos a muito que já não queriam estar ali
Partiu como um pássaro quando bate suas asas
Rápido e soprando vento
Foi sem olhar pra trás...

Tibúrcio Valério
17/OUT/2010

terça-feira, 21 de setembro de 2010

My Will

One day a doctor will determine that my brain ceased to function and that, in an essential way, my life has stopped. when that happens do not attempt to introduce artificial life into my body by the use of a machine.

Instead, give my sight to the man who has never seen a sunrise, a baby's face or love in the eyes of a woman. give my heart to a person whose own heart has caused nothing but endless days of pain. give my kidneys to one who depends on a machine to exist from week. take my blood, my bones, every muscle and nerve in my body and find a way to make a crippled child walk.

Explore every corner of may brain. take my cells, if necessary, and let them grow so that, someday, a speechless boy will be able to shout as his team scores a goal ad a deaf girl will hear the sound of rain against her window.

Burn what is left of me and scatter the ashes to the winds to help the flowers grow.

If you really want to bury something, let it be my faults, my weakness and all prejudice against my fellow man.

Give my sins to the devil. Give my soul to God.

If you should wish to remember me, do it with a kind deed or word to some one who needs you. If you do all I have asked, I will live forever.

P.S. Foi uns dos textos mais lindo que ja li... emociona mesmo!

domingo, 19 de setembro de 2010

O vermelho de Canoa





"Ele olhava o mar sentado, enquanto o homem que o havia feito sair de todo lugar seguro estava deitado de bruços na areia avermelhada. A água era o lugar mais longe onde já havia pousado os olhos. Mais bravio, mais perigoso. E agora curiosamente era o lugar mais familiar que podia encontrar a tantos quilômetros longe de casa e de qualquer um que pudesse abraçá-lo. Amanhecia devagar, as pessoas começavam a deixar a praia, indo pra lugar que não importa, os pescadores passavam pelo garoto sentado, pela areia avermelhada naquele ponto e não viam. Viam a areia, viam o homem, mas o garoto, o que ele era de verdade, não viam. Viam um choro, baixo, um peso no meio do sol que subia e cegava um pouco. Uma nuvem em formato de vazio... um buraco no céu. O garoto se levantou, olhou para trás, a areia perto dele já estava avermelhada também. Olhou ao redor e só havia um barco no mar. Caminhou até a água, deixou o mar lavar um pouco o vermelho de seus pés. E saiu pra procurar o lugar seguro que um abraço pode ser. Ainda chorava, ainda tremia de frio. Mas o coração pegava fogo e ele preferia que estivesse tão frio quanto a água. A praia era longa, vazia... um barco lá atrás. O peso no sol aumentava. A praia era lona... um abraço seguro. O mar não o daria."


(Arthur Dantas)


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A Strange and Beautiful Flower

What if you slept?
And what if,
In your sleep
You dreamed?
And what if,
In your dream,
You went to Heaven
And there plucked
A strange and 
Beautiful flower?
And what if,
When you awoke,
You had the flower
In your hand?

Ah... what then?





Samuel Taylor Coleridge

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Ela e Ele

"Ela e Ele, ambos cresceram, ambos amadureceram, ambos viram o quanto o tempo passa e às vezes é tão cruel. Nela, aquele rosto jovial de outrora, já apresenta algumas ações do tempo, embora sua beleza continue intacta... Nele, um rosto de um queixo heroico! A única coisa que não mudou em ambos, foi o amor de quando seus olhos se cruzaram pela primeira vez. Ela, num leito de um hospital, no dia vinte e sete de Abril, quando o viu pela primeira vez. Ele, assustado com tantas pessoas, e aquela dor infernal que sentira quando o ar do mundo entrara em seus pulmões, mas ao cruzar seus olhos com os dela, enfim, acalmou-se, havia ali, naquele momento, encontrado a paz e sua segurança!"


Tibúrcio Valério

sábado, 21 de agosto de 2010

Enfim, as eleições!

Que as relações humanas são fantásticas, isso é fato... Mas elas passam a ser “desgastosas” quando se trata do assunto política! Enfim, começou a correria das eleições, cada um se matando por um voto e conseguir seu lugarzinho no meio e, melhor ainda, seu dinheirinho fácil. Sim, porque do meu ponto de vista, a ultima coisas que esses “caras” fazem são tentar governar, não conseguem. Acho que deve ser muito difícil ficar naquela sala com ar condicionado, todo confortável, vendo leis, tentado criar projetos, ou outras coisas.
Ontem, enquanto ia pegar o ônibus pra ir pra Universidade, me deparei com uma concentração política, onde um monte de gente esperava alguma autarquia ou alguém que estivesse tentando algum posto autárquico. Era um monte de gente com bandeiras, um barulho infernal com aquelas musiquinhas chatas que querendo ou não, quando percebemos estamos cantando-as. Parece vírus, você pega e fica impregnado com aquilo ate que passe as eleições. Isso ainda é o de menos, uma vez que existem aqueles que nada entendem de política ou por serem partidários, defendem seu candidato com unhas e dentes e quando digo, com unhas e dentes, me refiro a brigas, agressões tanto físicas como psicológicas.
Não poderia deixar passar, e não falar sobre Jardim do Seridó. Falar de política dentro dessa cidade é sinônimo de Radicalismo. Infelizmente a cidade se dividiu em duas cores, a verde e a vermelha. Basta dá inicio as eleições sejam elas para prefeito ou presidente, embora aqui, para prefeito a coisa piora. Vizinhos se intrigam, pessoas se agridem, as autoridades judiciais têm que entrar em ação, caso contrário a coisa fica fora do controle. O pior é que só quem perde é o povo. Quer dizer, pensando melhor, eles até que ganham né? A maioria se contenta com as famosas feijoadas ou sopas de “num sei quem...”, outros por uma cachaça – sem falar na disputa dos “trios” elétricos. Se isso conforma e consegue fazer com que eles voltem e melhor ainda, que os “aspirantes autárquicos” sejam eleitos, então perfeito. Dessa maneira vai se indo “ótimos” representantes a uma ótima administração no posto que escolheram. Só resta dizer, boa sorte a quem ganhar essa corrida e juízo aos que deixam se comprar por qualquer coisa que seja...

P.S.: Ah! Só pra não deixarem os desavisados esquecidos, a política passa, os candidatos que eram rivais em uma, na outra estão dividindo o mesmo palco, se abraçando também e você? Onde fica?

Tibúrcio Valério

Ao Outro que o Rapaz espera

Inspiração dos meus sonhos não quero acordar, quero ficar só contigo, não vou poder voar... Era o único desejo que o rapaz tinha quando pensava no Outro, que um dia fora seu amante! Não podia acreditar que iria passar aquele réveillon só... Outrora passaram “juntos”, não fisicamente, mas trocando juras por telefone, já que ambos os amantes eram de cidades diferentes. Ele sabia que naqueles últimos segundos do dia trinta e um de dezembro, e os primeiros do primeiro de janeiro, estava tendo a mais linda virada de ano, pois ouvia de seu Amor as juras de um apaixonado que não tinha nenhum pudor em demonstrar seus sentimentos. Apesar da distância física, o seu coração estava se sentindo aquecido, tanto por aquelas palavras como também em saber que tinha alguém que o admirava e o queria como amante. Quem foi que disse que pra está junto precisa está perto?
Eles haviam se conhecido pela internet, em um site de relacionamentos, através dum bate papo. Para muitos, isso não iria dar certo – Hoje em dia você sabe como é internet, não podemos confiar! - dizia um amigo da qual o rapaz sempre pedia conselho. Mas seu coração não sentia perigo, pelo contrário, sabia que deveria seguir em frente, ir até o fim. Finalmente encontraram-se naquele shopping da capital onde o Outro morava. O rapaz já estava a sua espera quando chegara. O Outro vestia um jeans claro, com uma camiseta branca e tênis. Usava aparelho dentário e ainda sim, era o sorriso mais lindo que o rapaz já vira - Ele ficara encantado com aquele sorriso de como quem não quer nada.  Cumprimentaram-se. Foi o primeiro contato físico entre ambos; apenas um aperto de mãos, que para muitos pode não significar nada, mas que para o rapaz, naquele momento, significara muito. Conversaram bastante e quando deram por si, já estava na hora de voltarem à suas casas, pois era noite. Marcaram de se encontrar no outro dia na casa em que o rapaz estava hospedado.
Na tarde do dia seguinte, o Outro chegara a casa em que o rapaz se encontrava. Entrou. O rapaz parecia preocupado que as pessoas da rua não o vissem, mas era quase que inevitável, embora ninguém os conhecesse. Ficaram na sala. Ele era tímido, então, o Outro tomou a iniciativa. Foi na sala, de sofá vermelho que eles deram o primeiro beijo. Talvez os dois estivessem tímidos, mas logo estavam envolvidos, ou melhor, mais que envolvidos, estavam perdidos pelo sentimento forte da carne. Tiraram às camisas, seus corpos já se encontravam quentes, logo se entrelaçando, tanto os braços, como pernas. Os lábios a muito que já viajavam pelos seus corpos. A mão já se mostrava com certa intimidade e ia há lugares íntimos, lá encontrava um corpo rígido e muito quente, de dezessete ou dezenove centímetros. O rapaz tremeu quando sentiu aquele corpo em suas mãos, mas gostou e sorriu disfarçadamente enquanto chupava a língua do seu amante naquele beijo caliente que sabia deixar o Outro excitado, e com a mão, ele podia sentir a excitação. Foram para o quarto. Lá, aos poucos foram despindo-se, e ficando entregues ao ápice do desejo carnal que ambos sentiam naquele momento. Enfim, estavam nus sobre a cama... O desejo sexual ardia em seus corpos quentes e suados, que mais parecia um óleo que iluminava suas peles. Naquela cama de solteiro, com um colchão já surrado pelo tempo, que podia sentir as traves que apoiavam o colchão nas costas do rapaz. Ali houve o sexo, embora naquele dia não tivesse havido penetração, apenas o desejo carnal e o gozo. Tomaram banho juntos. Namoraram mais um pouco no sofá, mas logo o Outro tinha que partir. Então, foi. Pra quem falar que namorar é perder tempo, eu digo: - Há muito tempo eu não cresci o que eu cresci contigo!
Depois daquela tarde, tiveram outros encontros. Fizeram sexo. Outras vezes, faziam loucuras. Um dia, em um de seus encontros no shopping, beijaram-se no banheiro masculino daquele lugar e também foi naquele mesmo dia em que começaram a namorar e o rapaz deu de presente ao Outro, seu amuleto protetor – um terço de madeira que vivia em seu punho – para que pudesse proteger e dá sorte ao seu Amor.
Namoraram durante alguns meses. A faculdade começou a tomar muito tempo do Outro, ele, aos poucos se tornava ausente na vida do rapaz. Talvez tenha se decepcionado com o seu amante, já que enquanto se conheciam ele parecia uma pessoa madura, mas aos poucos se tornou um rapaz bobo – era bom amar e fazia tempo que não se sentia correspondido – talvez a paixão o tenha transformado.
Enfim, chega o término daquele namoro, não podia ser de outra forma se não pela internet, de onde tudo havia começado. Foi um choque para o rapaz, mas não havia outro jeito, e de qualquer maneira ele já vinha se preparando para aquilo, só queria não acreditar que o dia chegaria.
Depois de algum tempo, tornaram-se a se falar, talvez ainda haja algum sentimento adormecido esperando só para ser despertado. O rapaz não desistira de conquistar quem ele tanto ama. Mas era fato, seu réveillon seria solitário... Deitado na cama, embora não abrisse mão de estar de branco e desta vez, com uma cueca vermelha, queria um ano com uma paixão e sabia já até quem! Quando, enfim, era meia noite, ele já se encontrava dormindo, em um sono profundo, deitado em sua cama e envolvido num sonho do qual o protagonista era o Outro... Infelizmente não se pode descrever que tipo de sonho haveria ali naquela mente, só se sabe que era com o seu Amor, pois ele sorria de um jeito particular, só dele, quando falava naquele a quem tanto amou e ama. O tempo que passamos juntos vai ficar pra sempre, intimidades, brincadeiras, só a gente entende.
 Pensa em mim, que eu estou pensando em você e me diz o que eu quero te dizer e vem pra cá, pra ver que juntos estamos e te falar mais uma vez que te amo...


Tibúrcio Valério

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Coisas Não Ditas



- Obrigada!
Seus olhos eram azuis como o mar de Fernando de Noronha. Tive a sensação de mergulhar nele, de olhos abertos sem que a água salgada ardesse em mim, quando olhei firme em seus olhos, que brilhavam.
- De nada! Espero que não tenha se machucado.
- Não, apenas pisei de mau jeito.
- Meu nome é Amadeu, muito prazer.
- Fernanda.
Meu coração batia forte e acelerado. Geladas, estavam as minhas mãos. Frio! eu sentia frio, apesar dos 33ºC que faziam, naquela cidade quente.
O vento trazia o cheiro do amor, que para mim era o perfume das rosas que ali existiam, e de seus lindos cabelos dourados como o ouro, e lisos e brilhantes como a mais pura seda chinesa. Eu os inalava com tal força que sentia a dor dos meus pulmões rasgando enquanto se enchiam daquele prazer inigualável. Ela me deixava em estado de êxtase. Queria correr, mas minhas pernas estavam presas. Queria beijá-la, mas minha boca estava gélida como a de um morto.
- Você esta se sentindo bem?... Moço? Oi...
- Nossa, está frio!
- Frio?! Você está doente?
Eu estava doente. Ela era a minha cura. A saliva de seu beijo era o antídoto. Eu precisava me curar. Meu corpo agonizava pelo seu beijo.
- Moço, sente-se aqui, por favor!
Senti falta de ar... A dor de uma facada atingiu o meu peito. Era como se ela fosse sendo fincada na minha pele aos poucos, rasgando meus tecidos até chegar ao meu coração e lá ser plantada como a muda da cana-de-açúcar.
Queria minha a morte doce.
- SOCORRO! Alguém ajuda aqui... Ele esta tendo um enfarte! Me ajuda...
As pessoas foram se acumulando. O seu perfume, tão puro, foi se misturando ao suor dos outros; ao hálito podre de alguém que falou em hospital.
Tentei falar algo.
- Eu... quer...
- Calma moço. Não se esforce...
- Apen... bei...
Tudo foi ficando longe e escuro. Morri sem poder dizer que ela era o verso mais perfeito da poesia mais simples. Que sua voz era o som da harpa dos anjos...
Morri aos 56 anos deixando uma casa na Tijuca, dentro dela, meu papagaio Ricardo, minha coleção de LP’s da Jovem Guarda e meu fusca 1951. O resto não tinha valor. A chave ficou no meu bolso.


Tibúrcio Valério
(25/05/2009)