O medo da perda me corrói as veias
Me pára o coração
O medo de você partir sufoca meu ar
Puxa-me pra trás
Joga-me num penhasco de alucinações
As visões e pensamentos quebram-me as pernas
Braços
Todo meu corpo
Dói
Eu choro
(Só) choro
Tinho Valério
"Quero que minhas palavras bem concretas levem pessoas a lugares abstratos". Tinho Valério
quinta-feira, 25 de julho de 2013
quinta-feira, 11 de julho de 2013
Final Feliz
Eu tenho é medo dela. Nunca foi
flor que se cheire, sempre amarga, sabe? Contam as más línguas que ela já foi
catimbozeira famosa, mas que hoje vive trancada naquela casa assombrada,
fazendo alguns trabalhos para as pessoas que a incomodam. Nem o agente da
dengue tem coragem de ir lá verificar se existe algum foco. Ele diz que lá só
vai o vento porque é atrevido, já que até mosquito da dengue tem medo daquela
velha. Uma vez a vi. Estava toda de preto, confesso que tive até medo, e quando
ela me viu, então... Seus olhos queriam me fuzilar, eu senti isso e foi desde
esse dia que minha vida começou a ficar estranha. Acho que ela fez um catimbó
em mim. Primeiro, naquele mesmo dia eu após tê-la visto fui para casa
desesperada com medo e antes de chegar em casa virei o pé e cai por cima de
cocô de cachorro. Muitos disseram que era sinal de sorte. E desde quando cair
em cima de merda e dias depois pegar um germe, é sorte? Passei dias internada
no hospital tomando remédios. Após aquele incidente comecei a olhar mais por
onde pisava. O medo de cair era enorme, tudo por que havia colocado na cabeça
que minha queda e o germe deviam provir de alguma macumba daquela velha. Por
mais que fosse cuidadosa não deu outra, quando ia saindo do hospital cai de
peitos no chão, minha mãe que conversava comigo eufórica sobre seu novo
namorado nem notou meu encontro com o piso. Só veio perceber quando a enfermeira
gritou. Tive que voltar e fazer novos exames. Toda semana uma ou duas quedas,
pelo menos. Fiquei conhecida na escola como a professora outono, de qualquer
vento que dava eu caia. Procuro não dar muito atenção a esses comentários, se
não ficaria infernal minha convivência lá. No mais até que tento levar tudo na
tranquilidade. Semana passada sofri uma queda enorme na rampa do colégio. Acordei
me sentindo linda e que essas coisas que vinham acontecendo era apenas
coincidências e não macumbas, então coloquei minha sandálias Dijean do tempo de
Aline Moraes e fui para a escola, mas na decida da rampa que dá acesso aos
corredores das salas de aula virei o pé, caí com os vários livros que carregava
e rolei até embaixo. Levei uma vaia da escola inteira. Fui socorrida pelo
professor de educação física, mas só sofri alguns arranhões. Acho que com
tantas quedas aprendi a como cair sem se machucar muito. A minha ultima queda
foi ao sair do banheiro. Acho que as coisas conspiram contra mim. Meu chuveiro
quebrou e precisei usar o banheiro social, como sempre fui muito esquecida,
levei apenas a toalha para me secar, minha roupa deixei no quarto já que era de
costume sair do meu banheiro e me vestir lá mesmo. Não lembrei que teria que
passar de toalha pelo corredor com acesso a porta para a sala, ainda mais que
poderia chegar visita. Para completar, meu tio avô acabara de chegar em minha
casa depois de anos viajando. Tudo estava perfeitamente bem até precisar sair
apenas enrolada numa toalha. Ao sair do banheiro dou de cara com uma barata,
meu intuito é logo de gritar, mas não quis causar escândalo por causa do meu
tio e por não querer encontra-lo vestida como estava. Tentei espantar aquele
animal nojento para longe e como é de se esperar desses bichinhos, ela veio ao meu
encontro. Desesperada pulei por cima dela e escorreguei no tapete, por incrível
que pudesse parecer, consegui manter o equilíbrio. Olhei rapidamente para outro
lado em direção a sala de estar na tentativa de constatar se alguém havia
ouvido algum barulho, mas todos pareciam mais preocupados em saber quais as
últimas cidades que o tio Norberto havia conhecido. Caminhava a passos lentos
em direção ao quarto quando senti algo se aproximando de mim, fui me virando,
tudo foi ficando lento e vi a cara da barata chegando e pousando no meu rosto.
Meu grito foi ensurdecedor. Bati no aparador que havia no corredor e caí junta
com os porta-retratos da família. A essas alturas todas da sala já estavam no
corredor me vendo completamente nua. Minha sorte foi que a foto da vó Alice
caiu por cima de minhas partes íntimas. Olhei para meu tio e ele estava
paralisado olhando meus seios. Chateada com a situação, perguntei-lhe se nunca
tinha visto “peitos”, e prontamente, o tio Norberto respondeu que com um bico
em cima e outro bem embaixo, nunca. Fiquei vermelha de raiva e fui pro quarto.
Tudo isso já estava me cansando, não aguentava mais quedas e quedas. Sabia que
aquela velha rabugenta tinha algo a ver com isso. Resolvi que ia descobrir o
porquê daquilo tudo. Minha mãe disse que era loucura de minha cabeça e que a
senhorinha não tinha nada em relação aos acontecimentos, mas não adiantou, fui
mesmo assim, ainda mancando da queda na cozinha. Não lembrava o quanto a casa
era distante. Por fim cheguei lá, e tratei imediatamente de bater na porta. De
dentro ouvir uma voz rouca perguntando quem batia. Ainda com raiva gritei que
era a mulher a quem ela colocou algum trabalho para que vivesse caindo.
Rapidamente a porta foi aberta e me apareceu uma mulher minúscula,
aparentemente frágil, mas quando acusei-a de fazer macumba ela me cobriu no
desaforo. Quando insisti e quis entrar, ela me enxotou à vassouradas. Nunca
pensei que uma mulher tão velha pudesse correr e bater com tanta força. O
engraçado é que durante a corrida não torpecei e nem sequer me arranhei. Nessa
confusão toda acabei descobrindo que correndo eu não caio e faço tudo com mais
rapidez. Agora sou conhecida na escola como ligeirinha. E quanto à senhora,
prefiro deixa-la com seus feitiços. Vivo bem nessa correria. Estou até
emagrecendo.
Tinho Valério
terça-feira, 4 de junho de 2013
Melissa
Pela primeira
vez experimentara o sabor de uma frustração amorosa. Pelo menos dizia ser. Há
gente que diz ser loucura de sua cabeça, na verdade, todos diziam que era
loucura. O fato é que agora, encontrava-se no viaduto em frente ao shopping,
aos prantos, dizendo querer cometer suicídio. Tudo porque, segundo ele, fora abandonado por Melissa. Esse era o nome da infame. Mulher magra, bonita,
alta. Bem verdade que sua pele era pálida, mas, todavia sempre estava bem
vestida. Conheceram-se naquele mesmo shopping. “Me lembro como se fosse hoje... logo que a vi me encantei. Ela usava
um vestido de renda que cobria seu corpo quase que por inteiro, embora deixasse
sua silhueta bem desenhada. Como era linda ela.”, dizia o homem durante um
acesso de choro.
Em pouco
tempo os arredores do shopping parecia dias de protesto contra Micarla,
milhares de pessoas esperando ele pular e outras tentando acalmá-lo, tudo numa
tentativa falha, já que o barulho de tantas vozes deixava-o mais tenso.
“Foi naquele Natal que nos apaixonamos e
começamos a nos encontrar toda semana aos domingos. A cada encontro ela estava
mais linda”, seu choro era inconformado, parecia criança quando lhe roubam
o doce. Em meio a toda essa confusão, foram acionados os bombeiros, polícia,
médicos, inclusive sua mãe. Todos tinham a mesma intensão: fazer com que aquele
homem desistisse do que pretendia. Dizia não aguentar viver sem ela, preferia morrer a permanecer sozinho no mundo sem a mulher da sua vida.
A mãe
ficara atônita com a atitude do filho. Dizia não conhecer a “dita cuja”, apenas
o que sabia era que o filho estava vivendo um relacionamento e pretendia
apresenta-las uma a outra, porém esse dia nunca chegava.
“Estávamos felizes. Ela me amava, eu sei. Se
vestia sempre impecável para me encontrar aos domingos, mas ontem quando trouxe
flores senti que ela estava estranha. Nunca tínhamos discutido, nem nada! E
quando chego na loja hoje ela tem desaparecido sem sequer ter me falado” contava
o homem entre choros e soluços. Aquele comentário provocou um murmurinho entre
os funcionários do shopping que estavam por perto. Quem seria a mulher que
estava prestes a matar uma pessoa mesmo que indiretamente? Todos começavam a se
questionar e em pouco tempo a história já havia se espalhado pelos corredores
daquele lugar.
Não havia
conversa que desse jeito ao homem desesperado, que agora estava praticamente
pendurado nas grades da passarela. A única solução parecia ser descobrir quem
era Melissa. Alguns bombeiros já haviam saído em busca dessa tal mulher entre
lojas e corredores do shopping. Tudo em vão! Entraram em contato com a
segurança daquele centro comercial no intuito de pesquisar imagens do homem e
tentar descobrir sobre a mulher misteriosa, talvez, assim, a encontrariam e,
quem sabe, Melissa poderia evitar um desastre de um amor mal resolvido. Mas as
imagens era sempre as mesmas, o homem sempre perto da vitrine, admirando,
outras vezes gesticulando, parecia conversar com o seu reflexo no vidro.
Caminhando
certa vez pelo shopping, Cláudio depara-se com aquele manequim bem vestido,
arrumado. Foi amor à primeira vista. Não sabia explicar, mas era mais forte que
ele. Por horas ficava em frente à vitrine olhando apaixonadamente para aquele
objeto em formato de um corpo feminino, até conversava com ela. Dizia ser
correspondido, tanto que a moça havia falado seu nome, Melissa. Tinha quem
dissesse achar que se tratava de um ladrão que todos os domingos ia estudar o
movimento da loja. Mas a verdade é que era apenas um homem apaixonado,
diferente, era verdade. Inusitado, talvez, mas a mais pura verdade.
Quando
finalmente os bombeiros entenderam do que se tratava aquela loucura, tentaram
argumentar com Cláudio sobre o que estava acontecendo, que aquilo era ilusão de
sua cabeça, que Melissa, na verdade, se tratava de um manequim e que ele jamais
poderia ter um envolvimento com ela. Mas, ele era irredutível, afirmava
categoricamente que ela era uma mulher e eles tinham um relacionamento, ou pelo
menos tiveram, e tinham planos de uma vida juntos. “Ela todos os domingos usava uma roupa nova pra a gente se ver”. Ele
não sabia que todos os domingos antes do shopping abrir, o responsável pelo
visual da loja trocava todas as roupas das manequins, por isso sua Melissa
sempre estava bem vestida.
Por fim,
trouxeram o manequim àquela confusão, mas parecia que o fato de ele agora já
saber que Melissa era apenas um objeto decorativo o fez despertar algo dentro
de si, mesmo que inconscientemente, e ao ver aquela boneca com todos os traços
de sua amada, sentiu um repúdio e a negou. “Essa
não é a minha princesa! Ela partiu porque nunca me quis de verdade e ela não é
essa aí que vocês estão me mostrando” berrava aos prantos Cláudio. Depois
de horas de conversa, pedidos, choros de sua mãe ele foi acalmando-se até
deixar que os bombeiros se aproximassem dele e tirá-lo de lá. De encontro com
os braços de sua mãe, o homem chorou por vários minutos como um bebê que sente
fome. Sua fome era de amor. Voltou pra casa e tudo se acalmou, as pessoas se
dispersaram e logo esqueceriam o acontecimento.
Cláudio nunca
superou a perda da Melissa, mesmo que a manequim jamais tenha saído daquela
vitrine a não ser para resgatá-lo da morte. E até hoje ele é visto pelo
shopping ao redor da vitrine observando a boneca. Talvez pensasse que um dia
sua Melissa voltasse, porém sabia, ou não queria saber que ela de fato nunca
existiu como mulher para fazê-lo feliz.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Partiu III
Partiu assim,
Caminhou como nuvens
Sem pressa e dançando a dança do vento
Foi-se leve como aves que planam no céu
Quis correr o mundo
E foi suavemente
Subindo
Dançando
Saindo
Me dizendo adeus
Tinho Valério
Caminhou como nuvens
Sem pressa e dançando a dança do vento
Foi-se leve como aves que planam no céu
Quis correr o mundo
E foi suavemente
Subindo
Dançando
Saindo
Me dizendo adeus
Tinho Valério
quarta-feira, 15 de maio de 2013
Dama da Noite
Dizia
chamar-se Isabel, “nome de uma princesa
aí, que coisou os escravo” falava ela toda cheia de orgulho. Chegava a ser
engraçada a sua ignorância. Talvez toda ignorância no sentido puro, sem
malícia, seja realmente, engraçada. Apesar do nome de princesa, estava mais
para plebeia e nessa história nem caberia um príncipe encantado. Era por volta
das três da madrugada quando aquela mulher chegou a minha mesa e perguntou-me
se tinha cigarro. Nem esperou pela resposta e foi logo sentando. Aparentava
estar embriagada. Vestia-se aos trapinhos. Até seu batom vermelho estava
borrado. Agora já se chamava Paloma. Era puta. “Algum zomi estudado até me chamaro de Dama da Noite”. Pelo jeito
não saberia nunca a quem tinha sido comparada. Resolvi querer saber um pouco
mais a respeito da “Dama da Noite”, da Paloma, enfim seja lá qual fosse o nome.
Perguntei-lhe o que fazia da vida. Disse-me que dependia da região. Fiquei sem
entender. Foi quando tentou fazer uma piada dizendo que mulheres de algumas
regiões a chamavam de puta, outras de rapariga, “tem inté uma históra de garota de pograma”. Nesse momento eu ri e
ela não gostou, mas também não me pediu explicação sobre o riso ou sobre o que
seria garota de programa, e nem me atrevi a fazê-la entender. Entre um gole e outro
disse gostar do que fazia, mas fez um silêncio fúnebre por alguns instantes e
logo afirmou tentar ser feliz daquele jeito. Trabalhava nas ruas fazia um
tempo, porém não lembrava quanto. Pelas marcas no seu rosto era um tempo tão
grande e intenso que ela preferiu esquecer. Quis saber como havia chegado
àquela vida “Menino, e num foi Bento! Eu
quando tinha quinze, tinha o fogo da burrêga... peguei e dei pro Bento e
depois, meu fí, sabe o que ele feiz? Disse ao povo lá da rua e fiquei falada...
quando meu pai sôbe...”, nesse momento seu olhar ficou vago e parecia que via,
diante de si, a cena da surra que levou do pai e da humilhação de ser expulsa
de casa. Todos da cidade rejeitaram-na. “Meu
pai me chamô de rapariga!”, e eu, naquele momento, soube o quanto aquela
frase doeu nela. Feriu sua alma. Porém, logo quis fingir não sofrer e disse
virar mesmo, rapariga. “Apois pronto,
virei puta. Foi até bom, pelo meno aprendi uma ruma de coisa. Nunca gostei de
barrê a casa mêmo...”. Queria um cigarro e, também, saber sobre mim.
Perguntou-me se eu era casado, se tinha filhos, se era solteiro... Por fim, me
pediu dinheiro e seu eu quisesse até poderíamos fazer negocinho em seu quarto. “Faço de tudo se você quiser. Faço
chupetinha, dô meu cu, todas as posição que você quiser, incrusive sou inté
conhecida como a puta que criô o cramassuta. Sabe qual é, né?”. Ela só
queria dinheiro, talvez para comer algo, beber ou até se drogar. Dei-lhe o
dinheiro e se foi. Partiu cantando “O que é, o que é?” do Gonzaguinha. Aos
poucos foi sumindo na escuridão dos becos, junta com o som de sua voz. Quando
fui dar por mim, estava perdido em meus pensamentos. A dama da noite havia os
roubado. Pedi minha conta e ao abrir a carteira descobri, também, que não só os
meus pensamentos ela havia roubado, mas todo o dinheiro que tinha dentro. De
uma coisa era verdade, a Isabel, Paloma, e tantas outras que ela poderia ser
nada se comparava ao ser “Dama da Noite”, tão negra como a escuridão,
silenciosa quando queria, assustadora e sempre dissimulada, sabia
envolver os homens e tirar deles tudo até seus pensamentos.
Tinho Valério
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Saudades do meu Seridó
Saudades de ver a chuva molhando
a terrinha do meu lindo Seridó, de ver gente correndo feliz, tomando banho de
chuva, nas biqueiras... Saudades dos trovões imensos que fazia tremer o chão...
Saudades de ver o cinza da mata branca (segundo os índios) virar verde do dia
pra noite... Saudades de acordar com o dia chuvoso, ou com aquela garoa gostosa
que te fazer ficar na cama enrolado com seu fundo de rede... Saudades de ver aves
de arribação vindas de longe pra começar a construir seus ninhos... Saudades de
ver os riachos nas estradas... De ver rios secos encherem-se de água...
Saudades de ver lavouras de feijão, milho, batata... Saudades de comer umbu até
os dentes ficarem sensíveis... Saudades do cheiro do meu Seridó depois do banho
da chuva que me fez dormir a noite inteira o melhor sono do mundo!
Tinho Valério
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Política dos vizinhos hipócritas
Política dos vizinhos hipócritas
Hoje em uma das conversas com
minha mãe ao telefone, perguntei sobre a pós-política de Jardim do Seridó, como
andava os ânimos dos seus vizinhos. Em especial sobre uma e seu comportamento
durante as eleições – muda completamente a forma como se dirigir a minha
família – talvez não a mim porque sabe da minha posição perante a qualquer
partido, até porque política não me convém. Mas quando fiz a pergunta sobre como
estava a relação entre ambas fiquei triste e ao mesmo tempo furioso pelas
palavras da minha mãe. De todos os pecados capitais, a inveja é o pior.
Infelizmente, em nossa família – a do meu pai – houve um tempo que existia uma
inveja personificada, da qual nunca se deu bem com a maioria dos familiares,
quiçá todos. Constantemente era motivo de discórdia. Até mesmo por querer viver
a vida dos outros. E essa inveja personificada sempre teve certa implicância
com a minha mãe, não sei se era inveja porque todos da família gostam dela ou
se por algum motivo desconhecido por nós. Hoje graças a Deus esse “pecado
capital” não faz mais parte da família, só existe a ligação por ter sido casada
com um tio e como fruto desse casamento trouxeram ao mundo dois seres humanos,
embora também nunca tive muito contato todo com eles. Mas como o foco aqui é
falar de inveja, as palavras da minha mãe me doeram e me corroeram por dentro
quando ela me disse da indiferença de sua “amiga”, e que a inveja personificada
convivia por lá, ‘mas é assim, ela sempre teve inveja de nossa amizade, agora
conseguiu pra ela’, completou.
O que mais me chateia nisso, é
saber que tudo começou por causa de política. Mãe vota no candidato da
oposição. Logo, ela e outros vizinhos, são uma espécie de nova raça para essas
pessoas de mente pequena. Hipócrita seria a palavra mais correta, e como eles
não sabem o significado, no dicionário Houaiss, pessoas hipócritas são pessoas de
sentimentos fingidos, são dissimulados, FALSOS. Hipócritas porque passam pelo
menos três anos antes das eleições sem olharem um pra cara do outro – quando
não, até falando mal – e com a chegada do período eleitoral unem-se e tornam-se
melhores amigos apenas por um partido que pouco se importa quem pouco se
importa com seus eleitores, apenas o que convém a eles, ou seja, um voto. Digo
isso, tanto pra um partido quanto pra outro. Política é o melhor exemplo de
hipocrisia. Sei que um dos focos principais é colocar o nome de mãe numa roda
de conversa para falarem mal dela. E me entristece saber dos tantos anos de
amizades serem jogados fora por isso: um prato de política sebosa, suja, a qual
estão se lambuzando. Então, já que minha mãe não tem coragem de dar a opinião
dela pra isso tudo, eu tomo suas dores e dou a minha. Bando de hipócritas,
falsos, estúpidos, sujos vocês se merecem. Falem mal dela, desejem até o mal –
que não duvido não o terem feito – mas saibam do retorno a famosa lei da
ação/reação. Exemplo disso: a inveja personificada, amiga de vocês, não é
feliz, nem nunca soube o significado de felicidade. Ela não tem amor ao próximo,
ela ama os bens materiais. Ama o dinheiro da pensão. Depende dos outros porque
nem coragem pra trabalhar tem. É manipuladora – a sua cria que o diga. É pobre
de espírito, nunca teve Deus no coração. Querem saber de mais uma opinião?
Lamento vocês colocarem em primeiro plano uma cor de partido que só aparece a
cada quatro anos enquanto uma amizade é eterna.
Quanto a minha mãe, sei que não
importa a vocês... mas a mim sim, tomo, tomei e sempre tomarei as dores dela.
Por mais que silencie e depois finja de nada ter acontecido, eu sempre
lembrarei. Vai ficar aqui guardado na memória. Por mim, ela responderia da
mesma moeda, não se juntando pra falar mal dos outros, mas sim sendo
indiferente a vocês, pessoas estupidas, sujas, falsas, hipócritas.
E quanto ao candidato de vocês, é
sempre necessário fingir que gosta de gente assim, mas isso é só até passar a
política. Depois ele limpa-se com álcool pra não infectar.
Tibúrcio Valério
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