terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Pés Cansados Pobre Professor

Esses dias ouvindo as musicas do CD novo da Sandy Leah, me veio um momento de reflexão ao ouvir “Pés Cansados”. Como se sabe, a cantora e compositora em questão, é formada em Letras, e como todo curso de licenciatura plena, o estudante tem que passar pelo estágio supervisionado. Então, ao ouvir a música, percebi que a letra ao contrário do que muitas pessoas pensam, não foi escrita pra ser comparada a carreira dela como cantora, mas sim, a carreira de um professor, de preferência do ensino de rede pública. Quem já ouviu a musica deve ter percebido a mensagem que ela quer passar.
“Fiz mais do que posso”, todo professor faz o que pode, busca outras fontes, pesquisa, mas pra quê? Porque, nós, aspirantes a professores e os próprios professores, de anos de carreira, sabemos que a maioria dos alunos pouco se importam com o que vai ser apresentado e proposto a eles como forma de aprendizado, eles estão mais preocupados com a música nova do Justin Bieber, Lady Gaga entre outras coisas toscas que aparecem e que eles acham o máximo. Mas nós fazemos o que podemos, com direito a recuperação, prova especial, ré-ré, sem falar no conselho de classe. Engraçado que durante o ano todo eles pouco se importam em saber quem é o sujeito da oração, seu predicado e complemento, estão com outras coisas na cabeça, mas daí eis que chega o final de ano, notas bem amadurecidas, da cor do morango, e eles querendo aprender em poucos dias, o que repassamos em um ano praticamente e pior que às vezes, eles conseguem, superficialmente, mas conseguem, daí entra a questão “vi, mais do que agüento”. E de qualquer maneira, o sistema de educação no Brasil funciona da seguinte forma, o aluno tem que passar, então, na sei pra quê que existe essas outras provas, se o aluno acaba passando mesmo, como bem sabemos, é aquele famoso jeitinho brasileiro “Não, vamos dar um jeito aqui...” então acabamos passando o aluno e ele segue seu histórico escolar sem muito desenvolvimento intelectual, apenas notas. Logo, seguindo a música “e a areia nos meus olhos é a mesma...
Acho até que são nesses momentos que passa pela cabeça do professor, “depois de tanto caminhar, depois de quase desistir, os mesmo pés cansados voltam pra você”, seus pais bem que aconselharam pra seguir um curso de direito, medicina, mas nunca licenciatura. Mas você lutou contra tudo, fugiu do que era seguro, e cometeu esse grande erro, foi ser professor/estagiário numa escola pública – não pela profissão em si, já que quero deixar claro, é uma linda profissão, mas sabemos que não é valorizada. Valorizada mesmo é a profissão chamada “Político”, essa sim é valorizadissima, afinal esse novo reajuste salarial, foi muito justo. Pensando bem, os políticos deveriam ter tirado mais dos professores, já que são eles que formam um médico, um advogado, um dentista, outros professores, políticos ladrões, ou melhor, eles formam um cidadão, mas daí a escolha de ser político é do futuro ladrão, quer dizer, é do “cidadão”, porque um salário de quinhentos ou mil reais é muito pra uma pessoa que trabalha de segunda a segunda, que literalmente leva o trabalho pra casa, é muito. Acho até que é exagerado. Agora, uma profissão, dando como exemplo, de um deputado, essa sim tem muita coisa pra fazer, muito papel pra assinar, muito projeto pra por em vigor, sem falar no monte de viagens que eles fazem na primeira classe, quando não em seus jatinhos particulares. Isso sim, realmente é desgastante. “Mas num mundo sem verdade”
E a única forma de protesto dos pobres docentes, são as famosas greves que na maioria das vezes não leva a nada, porque um aumento de 5% ou 10%, não é nada em comparação aos 150% de aumento salarial dos ladrões, ou melhor, dos políticos. O pior, é que os professores se conformam e mais uma vez “meus pés cansados de lutar, meus pés cansados de fugir, os mesmos pés cansados voltam pra você...” e assim vai caminhando a educação. Realmente pra ser professor tem que sentir o chamado, não de Deus, porque tenho certeza que ele não concorda com toda essa roubalheira, mas sim, sentir o chamado do pó de giz, ou então o empurrão da falta de emprego bem remunerado e “sem medo de te pertencer...” encarar as salas de aulas e o desprezo da falta de alguns números consideráveis no salário do profissional na área da educação.

Tinho Valério

3 comentários:

  1. Esse texto ja deveria ter sido publicado há algum tempo, mas por estar de ferias e sem internet só pude fazer isso agora...

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  2. eu nao teria paciencia e acho q nao tenho talento pra professor rsrs

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  3. Amigo texto perfeitoo... tudo verdade!

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