segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Parque de Diversões

A vaidade feriu a mudança e ninguém se modificou. Mudar é sempre visto como ceder ao capricho do outro, lamentavelmente. Em geral amamos bastante para morrer, mas para transformarmos, não!
Depois da despedida não houve telefonema, não houve mensagem inbox, sequer cogitou-se uma carta escrita à mão, embora uma vontade de reconciliação magoasse meu orgulho. Aliás, esse se tornou uma espécie de regente de meus devaneios. Me repreende, protege, me bate, responde por mim. Sabe que se a palavra fosse minha diria que preciso de você para caminhar.
Apesar da indiferença – falsa, diga-se de passagem – sinto completamente o mesmo sentimento de tempos atrás, talvez mais forte que nunca, embora não consiga expressar. O coração entra em frenesi, o canto esquerdo da boca treme incontrolavelmente, meu corpo não obedece aos comandos do cérebro.
Pela primeira vez me sinto “ex” de alguém e é estranho. De repente sou o ex-namorado. O ex-amante. Deixei de ser o homem mais importante para tornar-me um estranho, uma ilusão. É imensamente tirano. Chega-se ao fim um amor nos moldes da poesia Drummoniana, sem poder reabilitar-me, sem sequer me cuidar.
Não construímos nossa prole, não compramos nossa casa e nosso cachorro não veio. Nada precisou ser dividido. Nosso amor transformou-se num parque de diversões de interior, monta e desmonta por praças diferentes.
Eu não quero ir mais uma vez na montanha-russa, preciso parar no topo da roda-gigante, o vento balançar a cadeira e uma mão segurar a minha me tirando o pavor de cair.

Tibúrcio Valério

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