quarta-feira, 22 de junho de 2011

Era rainha e não sabia

Pessoas indo e vindo. Malas. Crianças choravam, outras corriam. Olhei para o lado e vi uma mulher sentada sobre uma mala vermelha, de rodinha. Ela me fitava com aqueles olhos verdes esmeralda como se procurasse em mim resposta para o que estava pensando. Não parei para que ela achasse resposta, segui meu caminho e a deixei lá, sem rumo, apenas com seus pensamentos e questionamentos que não me interessavam. Cheguei perto do local de embarque, muitas pessoas estavam por ali. Sentei e observei o movimento. Havia uma moça morena com uma pele que brilhava e tinha a cor do chocolate que eu havia comido minutos antes. Ela era simplesmente linda. Lia um livro que não consegui identificar o autor nem seu título, mas pareceria ser interessante porque não me notara durante os vinte e cinco minutos que fiquei observando-a. Abri minha pasta e retirei uma folha, um lápis, uma borracha e deixei que minha vontade de eternizá-la em folha viesse à tona. Rabisquei o papel e poucos minutos depois estava ali, em riscos e cor, eternizada no papel, aquela mulher de pele morena a quem eu batizei de Aisha, uma deusa africana, uma mulher que eu quis pra minha coleção de desenhos. Ela jamais saberá que foi feita pelas minhas mãos seus contornos, a forma como eu quis que ficasse. Será um segredo meu somente meu que levarei comigo, em minha pasta rumo ao meu novo destino. Olhei para o relógio e já estava na hora de me dirigir ao portão de embarque. Assim o fiz. Ainda olhei pra trás na tentativa de ver a morena, mas ela também havia saído em busca de seu destino. Mas em breve a verei novamente, ela estará sempre em minha pasta. Aisha, a minha rainha africana. Vida.

Tinho Valério

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