quarta-feira, 18 de maio de 2011

A história de Jenneplher


Beijos. Amassos. Sexo. Homens lindos. Tempos de glória, era assim que Jenneplher costumava chamar a época dos seus vinte e poucos anos. Sempre soube aproveitar os melhores momentos de sua vida como um homem bem resolvido sexualmente, nunca escondeu de ninguém que era gay. Nem mesmo de sua mãe, que para ele, era a sua inspiração de caráter. Infelizmente perdeu contato com aquela mulher que sempre admirou, talvez por isso, por mais que fosse uma pessoa feliz, extravagante em suas atitudes, às vezes ficava junto a uma solidão de dias. Mas, logo se recompunha e saia para suas farras, orgias entre outras loucuras sexuais. Namorou vários homens, dos quais realizou todas as suas fantasias sexuais. Desde a de transar na praia até fazer um amor gostoso no estacionamento do shopping. Mas sem sombra de duvidas a sua transa mais perfeita foi aquela quando o carro em que ele viajava com o seu namorado quebrou na beira de uma estrada deserta. Era noite de lua cheia, numa Quinta-Feira do dia vinte de dois de maio de dois mil e cinco, ali mesmo, naquela estrada onde não passava sequer o som do vento, que eles se entregaram ao desejo carnal de um sexo que jamais pensaram fazer. O tempo fechou e quando deram por si, caia uma chuva forte. O calor de seus corpos embaçou os vidros daquele carro. Se observado de longe era perceptível o quanto o veículo balançava, mas quem quer que fosse que passasse naquela estrada jamais ouviria os gritos de “mete com força”, “vai, é assim que eu gosto”, “seja meu homem agora”, “me fode gostoso”. E a chuva caia sem cessar. No ápice do sexo selvagem resolveram transar na chuva, Jenneplher agora sobre capô do carro era possuído pelo seu homem e a chuva molhava seus corpos que outrora se encontravam suados, mas nem mesmo aquela água gélida deslizando sobre seus corpos seria capaz de esfriar o desejo ardente de prazer que corria sobre seus corpos. Tiveram seus prazeres múltiplos naquela noite, assim como também houve outras transas.
Amava sua vida independente, sabia que o que tinha devia ao suor de seu rosto. Trabalhara incansavelmente para construir seu império, do qual muito se orgulhava. Soube desfrutar de cada momento, mas infelizmente pusera em sua cabeça que o tempo estava passando, assim como sua idade. Agora com trinta anos resolvera escolher pela morte. Sua busca pela felicidade ao lado de outro havia terminado, ou melhor, havia desistido. Estava decidido a por fim em sua vida. Não queria envelhecer sozinho, preferiria morrer durante sua juventude a morte de um corpo já destruído pelo tempo. Não suportaria ver a deteriorizaçao de seu corpo sem poder fazer nada, porque sabia que plásticas não resolveriam seu “problema”, poderiam apenas amenizar, mas resolver jamais. Então, numa noite fria do ano de dois mil e dezessete, foi até o seu banheiro e em sua banheira de mármore negro deitou e esperou que a água ocupasse todo aquele lugar para banhar pela ultima vez o seu corpo. Em seguida pegou um bisturi e cortou os pulsos. O sangue começava aos poucos a colorir a água transparente, depois invadir o banheiro e ocupar todo aquele espaço. Seus olhos já não havia mais brilho, apenas uma coisa vaga. A água já adentrava seu quarto, molhava o carpete assim como sua carta de despedida. Agora havia apenas um corpo sem vida com olhar vago para o nada, o sangue escorrendo, vermelho, misturado à água.

Tinho Valério

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