A vaidade feriu a mudança e ninguém se modificou. Mudar é
sempre visto como ceder ao capricho do outro, lamentavelmente. Em geral amamos
bastante para morrer, mas para transformarmos, não!
Depois da despedida não houve telefonema, não houve mensagem inbox, sequer cogitou-se uma carta
escrita à mão, embora uma vontade de reconciliação magoasse meu orgulho. Aliás,
esse se tornou uma espécie de regente de meus devaneios. Me repreende, protege,
me bate, responde por mim. Sabe que se a palavra fosse minha diria que preciso
de você para caminhar.
Apesar da indiferença – falsa, diga-se de passagem – sinto
completamente o mesmo sentimento de tempos atrás, talvez mais forte que nunca,
embora não consiga expressar. O coração entra em frenesi, o canto esquerdo da
boca treme incontrolavelmente, meu corpo não obedece aos comandos do cérebro.
Pela primeira vez me sinto “ex” de alguém e é estranho. De
repente sou o ex-namorado. O ex-amante. Deixei de ser o homem mais importante
para tornar-me um estranho, uma ilusão. É imensamente tirano. Chega-se ao fim
um amor nos moldes da poesia Drummoniana, sem poder reabilitar-me, sem sequer
me cuidar.
Não construímos nossa prole, não compramos nossa casa e nosso
cachorro não veio. Nada precisou ser dividido. Nosso amor transformou-se num
parque de diversões de interior, monta e desmonta por praças diferentes.
Eu não quero ir mais uma vez na montanha-russa, preciso parar
no topo da roda-gigante, o vento balançar a cadeira e uma mão segurar a minha
me tirando o pavor de cair.
Tibúrcio Valério
Nenhum comentário:
Postar um comentário