A mulher vem sofrendo discriminação ao longo do
tempo, independentemente da vestimenta. São abusos de diversas formas, sejam
eles de ordem social, cultural ou sexual. Até que ponto o uso de uma roupa
provocante ou um comportamento feminino que foge às regras sociais impostas
pela sociedade pode justificar as agressões que as mulheres são vítimas tanto
no âmbito familiar como social?
Numa pesquisa divulgada pelo Ipea, em março deste
ano, pelo O Globo, brasileiros acham que mulheres com roupas curtas devem ser
estupradas. É assustador num país como o nosso ainda existir um pensamento
arcaico, mas infelizmente aprendemos julgar as aparências graças a essas regras
sociais que nos torna seres ignorantes e, consequentemente, somos ensinados a
não aceitar comportamentos que fujam a elas.
O comportamento feminino gera muitas discussões e
polêmicas. Existe mesmo um manual que ensina como a mulher se comportar? Ao que
parece, todos os anos de lutas em busca de direitos iguais foram em vão. Por
que não, simplesmente, entender esse comportamento como liberdade de expressão?
Entretanto, muitos entendem pelo lado pejorativo, e as veem como mulheres
vulgares, daí os constantes assédios e maus tratos em público.
Sem sombra de dúvidas, o abuso sexual é o mais
humilhante das agressões que elas sofrem, principalmente quando acontece em
lugares públicos. Na cabeça retrógada masculina, a mulher que usa roupas
curtas, é extrovertida e independente, torna-se alvo fácil daqueles que saem em
busca de sexo e quando não conseguem usam da força. Note-se que os estupradores
o fazem para satisfazer os vícios de uma cabeça doentia.
O Brasil tem muito para evoluir. Ainda vivemos
numa sociedade machista e cheia de preconceitos a serem quebrados. Mas é
preciso que deixemos de julgar com base nas regras que criamos e enxergamos
como significado do certo. Qual conceito de certo para o outro? As mulheres tem
um trajeto difícil e cheio de obstáculos para conquistar. Pelo menos já temos a
Lei Maria da Penha a favor delas. Quem sabe outras Marias nos tragam mais
conquistas.
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