sábado, 15 de outubro de 2011

Luca

Daquelas lentes falsas vi um olhar verdadeiro que me seguia. Olhos negros de um brilho intenso que me deixava atordoado. Algo me atraia e puxava meu corpo em direção ao, até então, desconhecido. Dei o ultimo gole de cerveja e caminhei em direção a ele. De perto pude perceber o quão era perfeita a simetria de seu rosto. Parecia ter sido esculpido no mármore e de tão perfeito havia ganhado vida. O que era apenas uma pedra foi surgindo veias onde o sangue passaria a fluir e esquentar seu corpo.  Seus lábios pareciam me colocar à provação. Eu os desejava e de tão intensamente não resisti e provei-os. Seu corpo agora era quente e junto ao meu corpo fluía um desejo carnal. Meu corpo agora era quente e junto ao seu corpo também fluía um desejo carnal. Havia pessoas ao nosso redor, tomei mais um gole da cerveja que estava quente e ele me sussurrou algo ao ouvido. Apenas fechei os olhos e aos poucos as batidas do dj foram se tornando fracas, o barulho das pessoas foi se dispersando e quando tornei a abri-los não me encontrava mais na pista de dança, embora tudo fosse escuro. Apenas podia sentir ele junto a mim. Sua respiração quente arrepiava-me completamente. Lentamente fui sentindo seus lábios úmidos deslizando sobre os meus. Sua língua procurava algo desesperadamente dentro de minha boca, aos poucos foi encontrando o céu. Já me encontrava anestesiadamente hipnotizado por a sensação que seu beijo me proporcionava. Agora já não respondia por meus atos e os pudores de um homem tímido desapareceram por completo. Minha mão descia cada vez mais até, por fim, encontrar o que procurava. O desejo carnal começava a circular ardentemente entre minhas veias até começarem a ser expelidos pelo meu suor que se juntava ao corpo do garoto de lentes falsas, mas agora, de olhar cheio de um desejo sexual que começava a me consumir. A sensação de estar tudo as escuras tornava nosso desejo mais aflorado. Beijos. Gemidos. Toques. Cheiros. Saliva. Sexo. Agora totalmente despudorados, nós nos entregávamos ao sabor do sexo de ambos. Ele me chupava. Eu chupava ele. Nossas línguas nos conduzia ao melhor do sexo que um podia proporcionar ao outro. Ele urrava de prazer e seus gemidos e urros me excitavam cada vez mais. Falávamos coisas sacanas enquanto nossas carícias nos levavam ao ápice sexual do momento. Eu queria sentir seu néctar descer pela minha garganta. Eu queria sentir o doce do seu leite branco. Uma voz vinda de longe começava a se aproximar, até que o som do dj voltou e pode perceber que havia sido apenas um delírio sob o efeito do álcool. A voz tornou-se feminina. Ela chamava por ele. Mais uma vez olhei o rapaz das lentes falsas e disse meu nome. Ele retribuiu com um sorriso, e respondeu com seu nome. Despediu-se. Tinha que partir com sua amiga. Seu nome era Luca.
Tinho Valério

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