quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Vaidade


Quando fiquei diante do espelho foi que percebi o quão cruel o tempo é. Riscos desenham outro rosto. As marcas parecem não ter pena. Logo eu, que fui tão belo com meus vinte e poucos anos. Diante de minha imagem refletida vi traços cortantes que sangram por dentro de mim. Hemorragias transformam-se em meus passados e escorrem de minha boca sujando o chão com tantos eus de outrora. Como fui. Com quem fui. Por onde andei. O que fiz.
Minhas mãos! Veias azuis pulsam revelando-se grossas e tão frágeis. Minha pele não é mais a mesma. É flácida, áspera, com cicatrizes das guerras pessoais e psicológicas travadas por mim quando busquei saber quem sou, o que sou, para onde vou.
Lamento pela visão que causo ao outro. Logo eu, que sempre fui tão belo com meus vinte e poucos anos...

Tinho Valério

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