“Foram aqueles olhos verdes
O verde-esmeralda raro
Que lapidado brilhava inexplicavelmente
De tão forte brilho
Me puxou para um exílio
De meus pensamentos tão somente”
Tinho Valério
Nos olhos verdes daquele rapaz que me vi refletir tão insistentemente. Cruzamo-nos na pista de dança, havia uma musica dançante naquela hora, mas tudo repentinamente foi se tornando lento. O silêncio se fez com o abraço que ele me dera. Nossos corações se juntaram. Apenas separados pela nossa pele e ossos, mas unidos pelo calor de algo que surgia a partir daquele abraço. Suas mãos percorriam minhas costas tão suavemente que me deixava em frenesi. Flutuei por alguns segundos, meus pés não sentiam o chão. Todos percorriam, sorriam, falavam alto, mas meus ouvidos estavam atentos apenas a sua respiração que se tornara ofegante enquanto me abraçava. Seu cheiro foi como imaginava quando o vi, tinha o cheiro de algo verde, não o verde da mata, mas o verde da cor verde. Era a minha cor preferida, e para mim ela tinha cheiro. O rapaz tinha o cheiro do verde. Tudo ainda continuava lento. Olhamo-nos mais uma vez e percebi o quanto verde eram os seus olhos brilhantes. Eram da cor das esmeraldas que o Fernão Dias Paes, o “caçador de esmeraldas”, tanto procurou pelo interior do Brasil por anos de sua vida, mas morreu achando que as havia encontrado, quando na verdade não passavam de turmalinas. Nesse momento me senti o tal caçador, do fracasso dele, eu sem procurar, encontrei, bem diante de mim um par de esmeraldas lindas e tão procuradas que vieram à minhas mãos. Elas seriam minhas, eu sabia. Durante toda a noite as tive sob o meu olhar, elas brilhavam a ponto de me deixar cego aos outros. Durante toda a noite as tive para mim. As horas foram passando e as perdi. O rapaz partiu com elas e não pude fazer nada. Apenas guardá-las em memória. O brilho. O meu reflexo. O verde, a minha cor favorita. Ele pôs-se a caminho determinado e não mais o vi... Mas meus pensamentos permaneceram nele e em suas esmeraldas na esperança de encontrá-las novamente e dessa vez não deixar que ele as leve. Elas são minhas assim como ele me pertence.
Tinho Valério
12/JUL/2011
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