sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Ela e Ele

"Ela e Ele, ambos cresceram, ambos amadureceram, ambos viram o quanto o tempo passa e às vezes é tão cruel. Nela, aquele rosto jovial de outrora, já apresenta algumas ações do tempo, embora sua beleza continue intacta... Nele, um rosto de um queixo heroico! A única coisa que não mudou em ambos, foi o amor de quando seus olhos se cruzaram pela primeira vez. Ela, num leito de um hospital, no dia vinte e sete de Abril, quando o viu pela primeira vez. Ele, assustado com tantas pessoas, e aquela dor infernal que sentira quando o ar do mundo entrara em seus pulmões, mas ao cruzar seus olhos com os dela, enfim, acalmou-se, havia ali, naquele momento, encontrado a paz e sua segurança!"


Tibúrcio Valério

sábado, 21 de agosto de 2010

Enfim, as eleições!

Que as relações humanas são fantásticas, isso é fato... Mas elas passam a ser “desgastosas” quando se trata do assunto política! Enfim, começou a correria das eleições, cada um se matando por um voto e conseguir seu lugarzinho no meio e, melhor ainda, seu dinheirinho fácil. Sim, porque do meu ponto de vista, a ultima coisas que esses “caras” fazem são tentar governar, não conseguem. Acho que deve ser muito difícil ficar naquela sala com ar condicionado, todo confortável, vendo leis, tentado criar projetos, ou outras coisas.
Ontem, enquanto ia pegar o ônibus pra ir pra Universidade, me deparei com uma concentração política, onde um monte de gente esperava alguma autarquia ou alguém que estivesse tentando algum posto autárquico. Era um monte de gente com bandeiras, um barulho infernal com aquelas musiquinhas chatas que querendo ou não, quando percebemos estamos cantando-as. Parece vírus, você pega e fica impregnado com aquilo ate que passe as eleições. Isso ainda é o de menos, uma vez que existem aqueles que nada entendem de política ou por serem partidários, defendem seu candidato com unhas e dentes e quando digo, com unhas e dentes, me refiro a brigas, agressões tanto físicas como psicológicas.
Não poderia deixar passar, e não falar sobre Jardim do Seridó. Falar de política dentro dessa cidade é sinônimo de Radicalismo. Infelizmente a cidade se dividiu em duas cores, a verde e a vermelha. Basta dá inicio as eleições sejam elas para prefeito ou presidente, embora aqui, para prefeito a coisa piora. Vizinhos se intrigam, pessoas se agridem, as autoridades judiciais têm que entrar em ação, caso contrário a coisa fica fora do controle. O pior é que só quem perde é o povo. Quer dizer, pensando melhor, eles até que ganham né? A maioria se contenta com as famosas feijoadas ou sopas de “num sei quem...”, outros por uma cachaça – sem falar na disputa dos “trios” elétricos. Se isso conforma e consegue fazer com que eles voltem e melhor ainda, que os “aspirantes autárquicos” sejam eleitos, então perfeito. Dessa maneira vai se indo “ótimos” representantes a uma ótima administração no posto que escolheram. Só resta dizer, boa sorte a quem ganhar essa corrida e juízo aos que deixam se comprar por qualquer coisa que seja...

P.S.: Ah! Só pra não deixarem os desavisados esquecidos, a política passa, os candidatos que eram rivais em uma, na outra estão dividindo o mesmo palco, se abraçando também e você? Onde fica?

Tibúrcio Valério

Ao Outro que o Rapaz espera

Inspiração dos meus sonhos não quero acordar, quero ficar só contigo, não vou poder voar... Era o único desejo que o rapaz tinha quando pensava no Outro, que um dia fora seu amante! Não podia acreditar que iria passar aquele réveillon só... Outrora passaram “juntos”, não fisicamente, mas trocando juras por telefone, já que ambos os amantes eram de cidades diferentes. Ele sabia que naqueles últimos segundos do dia trinta e um de dezembro, e os primeiros do primeiro de janeiro, estava tendo a mais linda virada de ano, pois ouvia de seu Amor as juras de um apaixonado que não tinha nenhum pudor em demonstrar seus sentimentos. Apesar da distância física, o seu coração estava se sentindo aquecido, tanto por aquelas palavras como também em saber que tinha alguém que o admirava e o queria como amante. Quem foi que disse que pra está junto precisa está perto?
Eles haviam se conhecido pela internet, em um site de relacionamentos, através dum bate papo. Para muitos, isso não iria dar certo – Hoje em dia você sabe como é internet, não podemos confiar! - dizia um amigo da qual o rapaz sempre pedia conselho. Mas seu coração não sentia perigo, pelo contrário, sabia que deveria seguir em frente, ir até o fim. Finalmente encontraram-se naquele shopping da capital onde o Outro morava. O rapaz já estava a sua espera quando chegara. O Outro vestia um jeans claro, com uma camiseta branca e tênis. Usava aparelho dentário e ainda sim, era o sorriso mais lindo que o rapaz já vira - Ele ficara encantado com aquele sorriso de como quem não quer nada.  Cumprimentaram-se. Foi o primeiro contato físico entre ambos; apenas um aperto de mãos, que para muitos pode não significar nada, mas que para o rapaz, naquele momento, significara muito. Conversaram bastante e quando deram por si, já estava na hora de voltarem à suas casas, pois era noite. Marcaram de se encontrar no outro dia na casa em que o rapaz estava hospedado.
Na tarde do dia seguinte, o Outro chegara a casa em que o rapaz se encontrava. Entrou. O rapaz parecia preocupado que as pessoas da rua não o vissem, mas era quase que inevitável, embora ninguém os conhecesse. Ficaram na sala. Ele era tímido, então, o Outro tomou a iniciativa. Foi na sala, de sofá vermelho que eles deram o primeiro beijo. Talvez os dois estivessem tímidos, mas logo estavam envolvidos, ou melhor, mais que envolvidos, estavam perdidos pelo sentimento forte da carne. Tiraram às camisas, seus corpos já se encontravam quentes, logo se entrelaçando, tanto os braços, como pernas. Os lábios a muito que já viajavam pelos seus corpos. A mão já se mostrava com certa intimidade e ia há lugares íntimos, lá encontrava um corpo rígido e muito quente, de dezessete ou dezenove centímetros. O rapaz tremeu quando sentiu aquele corpo em suas mãos, mas gostou e sorriu disfarçadamente enquanto chupava a língua do seu amante naquele beijo caliente que sabia deixar o Outro excitado, e com a mão, ele podia sentir a excitação. Foram para o quarto. Lá, aos poucos foram despindo-se, e ficando entregues ao ápice do desejo carnal que ambos sentiam naquele momento. Enfim, estavam nus sobre a cama... O desejo sexual ardia em seus corpos quentes e suados, que mais parecia um óleo que iluminava suas peles. Naquela cama de solteiro, com um colchão já surrado pelo tempo, que podia sentir as traves que apoiavam o colchão nas costas do rapaz. Ali houve o sexo, embora naquele dia não tivesse havido penetração, apenas o desejo carnal e o gozo. Tomaram banho juntos. Namoraram mais um pouco no sofá, mas logo o Outro tinha que partir. Então, foi. Pra quem falar que namorar é perder tempo, eu digo: - Há muito tempo eu não cresci o que eu cresci contigo!
Depois daquela tarde, tiveram outros encontros. Fizeram sexo. Outras vezes, faziam loucuras. Um dia, em um de seus encontros no shopping, beijaram-se no banheiro masculino daquele lugar e também foi naquele mesmo dia em que começaram a namorar e o rapaz deu de presente ao Outro, seu amuleto protetor – um terço de madeira que vivia em seu punho – para que pudesse proteger e dá sorte ao seu Amor.
Namoraram durante alguns meses. A faculdade começou a tomar muito tempo do Outro, ele, aos poucos se tornava ausente na vida do rapaz. Talvez tenha se decepcionado com o seu amante, já que enquanto se conheciam ele parecia uma pessoa madura, mas aos poucos se tornou um rapaz bobo – era bom amar e fazia tempo que não se sentia correspondido – talvez a paixão o tenha transformado.
Enfim, chega o término daquele namoro, não podia ser de outra forma se não pela internet, de onde tudo havia começado. Foi um choque para o rapaz, mas não havia outro jeito, e de qualquer maneira ele já vinha se preparando para aquilo, só queria não acreditar que o dia chegaria.
Depois de algum tempo, tornaram-se a se falar, talvez ainda haja algum sentimento adormecido esperando só para ser despertado. O rapaz não desistira de conquistar quem ele tanto ama. Mas era fato, seu réveillon seria solitário... Deitado na cama, embora não abrisse mão de estar de branco e desta vez, com uma cueca vermelha, queria um ano com uma paixão e sabia já até quem! Quando, enfim, era meia noite, ele já se encontrava dormindo, em um sono profundo, deitado em sua cama e envolvido num sonho do qual o protagonista era o Outro... Infelizmente não se pode descrever que tipo de sonho haveria ali naquela mente, só se sabe que era com o seu Amor, pois ele sorria de um jeito particular, só dele, quando falava naquele a quem tanto amou e ama. O tempo que passamos juntos vai ficar pra sempre, intimidades, brincadeiras, só a gente entende.
 Pensa em mim, que eu estou pensando em você e me diz o que eu quero te dizer e vem pra cá, pra ver que juntos estamos e te falar mais uma vez que te amo...


Tibúrcio Valério

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Coisas Não Ditas



- Obrigada!
Seus olhos eram azuis como o mar de Fernando de Noronha. Tive a sensação de mergulhar nele, de olhos abertos sem que a água salgada ardesse em mim, quando olhei firme em seus olhos, que brilhavam.
- De nada! Espero que não tenha se machucado.
- Não, apenas pisei de mau jeito.
- Meu nome é Amadeu, muito prazer.
- Fernanda.
Meu coração batia forte e acelerado. Geladas, estavam as minhas mãos. Frio! eu sentia frio, apesar dos 33ºC que faziam, naquela cidade quente.
O vento trazia o cheiro do amor, que para mim era o perfume das rosas que ali existiam, e de seus lindos cabelos dourados como o ouro, e lisos e brilhantes como a mais pura seda chinesa. Eu os inalava com tal força que sentia a dor dos meus pulmões rasgando enquanto se enchiam daquele prazer inigualável. Ela me deixava em estado de êxtase. Queria correr, mas minhas pernas estavam presas. Queria beijá-la, mas minha boca estava gélida como a de um morto.
- Você esta se sentindo bem?... Moço? Oi...
- Nossa, está frio!
- Frio?! Você está doente?
Eu estava doente. Ela era a minha cura. A saliva de seu beijo era o antídoto. Eu precisava me curar. Meu corpo agonizava pelo seu beijo.
- Moço, sente-se aqui, por favor!
Senti falta de ar... A dor de uma facada atingiu o meu peito. Era como se ela fosse sendo fincada na minha pele aos poucos, rasgando meus tecidos até chegar ao meu coração e lá ser plantada como a muda da cana-de-açúcar.
Queria minha a morte doce.
- SOCORRO! Alguém ajuda aqui... Ele esta tendo um enfarte! Me ajuda...
As pessoas foram se acumulando. O seu perfume, tão puro, foi se misturando ao suor dos outros; ao hálito podre de alguém que falou em hospital.
Tentei falar algo.
- Eu... quer...
- Calma moço. Não se esforce...
- Apen... bei...
Tudo foi ficando longe e escuro. Morri sem poder dizer que ela era o verso mais perfeito da poesia mais simples. Que sua voz era o som da harpa dos anjos...
Morri aos 56 anos deixando uma casa na Tijuca, dentro dela, meu papagaio Ricardo, minha coleção de LP’s da Jovem Guarda e meu fusca 1951. O resto não tinha valor. A chave ficou no meu bolso.


Tibúrcio Valério
(25/05/2009)